Falar sobre dinheiro não precisa ser um tabu

Preocupação, insatisfação e insegurança. Essas são as primeiras palavras que vêm à cabeça de 61% dos brasileiros quando perguntados sobre o que sentem em relação ao dinheiro. Realizada pelo Instituto Mindminers com 1,1 mil pessoas em todo o país, a pesquisa encomendada pelo banco BV mostra que o assunto ainda está longe de ser algo que os brasileiros se sentem confortáveis para discutir.

A gente lida mal com o dinheiro, independentemente da nossa situação financeira: seja quando a gente tem pouco no bolso (72,9% das famílias brasileiras estão endividadas, segundo números de agosto de um levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), seja quando estamos mais confortáveis, (conforme a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro, dois em cada três investidores guardam dinheiro na poupança, um dos investimentos menos rentáveis).

O dinheiro visto como tabu

Na origem dessa situação, está um tabu em torno do dinheiro. As pessoas não gostam de falar sobre o quanto ganham, têm vergonha de dizer que estão endividadas e não costumam discutir ou tirar dúvidas com outras pessoas alguém antes de fazer um investimento ou empréstimo. Há uma série de motivos que podem explicar esse fenômeno. Um deles é o componente educacional. Esse tipo de conhecimento raramente é ensinado nas escolas e acaba ficando como tarefa da família, que nem sempre sabe orientar os filhos e agregados sobre o assunto. Com essa educação deixando a desejar, as pessoas não chegam a entender alguns os conceitos mais básicos de economia, o que interfere na hora de decidir por um investimento ou por uma dívida.

Existem também questões culturais que dificultam as conversas sobre dinheiro, como o fato de morarmos em um país com enorme desigualdade social. Quem tem melhor poder aquisitivo às vezes pode considerar que falar sobre dinheiro com outras pessoas pode ser um sinal de ostentação, já que 30% dos brasileiros que vivem em grandes cidades têm renda per capita inferior a R$ 275, segundo dados de 2021 do IBGE, reunidos pelo Boletim Desigualdade das Metrópoles.

As consequências do tabu em não falar sobre dinheiro cria um círculo vicioso. Não se fala sobre dinheiro e por isso entende-se pouco sobre o tema. Como não se conhece muito do assunto, não se discute sobre dinheiro. Esse movimento acaba perpetuando conceitos errados e possíveis investimentos equivocados. “Sabemos que o primeiro passo para desmistificar alguns temas é falar sobre eles. Por isso, iniciamos um movimento para que as conversas sobre dinheiro possam ser realizadas de maneira aberta, de forma leve e tranquila”, disse Claudia Furini, superintendente de Marketing, Sustentabilidade, UX e CX do banco BV.

Falando em dinheiro de um jeito leve

Para tentar contribuir na mudança desse cenário, o banco BV iniciou um movimento que busca estimular os brasileiros a terem uma relação mais leve com o próprio dinheiro. Oito em cada 10 entrevistados pelo Instituto Mindminers, na pesquisa encomendada pelo BV, defendem que um banco preparado para o futuro precisa ajudar as pessoas a falarem sobre dinheiro com mais naturalidade, tornando o tema parte do dia a dia. “Acreditamos que é possível falar sobre o dinheiro de forma leve. Mesmo que, às vezes, não recebamos a resposta que queremos ouvir, é melhor ter uma resposta do que ficar com uma angústia sobre aquele tema e não falar sobre ele”, afirma Claudia.

Segundo ela, o intuito desse movimento é gerar uma tomada de consciência da população sobre o dinheiro, criando uma maior discussão e questionando nossas reações, como a vergonha diante de uma dívida. “No Brasil, o crédito ainda tem o desafio de se tornar um atributo positivo de conquista. Por muitas vezes, gera até vergonha. E tem a questão na nossa cultura de não falar o quanto ganha. Por que se envergonhar do que conquistou? Isso, em outros países, é lidado de forma mais transparente”, complementa.

Fonte: Portal G1