Grupo gaúcho cria empresa na carona de ações que “vão sacudir o mercado bancário”

Novo serviço surge com desconcentração forçada pelo BC com sistemas como Pix e open banking

28/09/2020 – 11h15min
Marta Sfredo

Um grupo gaúcho nascido como um serviço de assessoria financeira é um dos muitos que passará a disputar território com os grandes bancos a partir de duas iniciativas do Banco Central, o sistema de pagamentos instantâneos Pix e o open banking. A Fortus Group cria nesta semana uma nova empresa de serviços financeiros, a Fortus Capital, em parceira com instituições como o banco digital C6 e o BTG Pactual.

O open banking é um dos instrumentos do BC para forçar a desconcentração do sistema financeiro, que tem cerca de 80% do crédito nas mãos de cinco instituições. Seu principal eixo é a obrigatoriedade de ceder dados de cadastro a outras instituições, desde que o cliente autorize.

Vamos operar nesse conceito de open banking, que é uma oportunidade de oferecer aos clientes serviços que até agora só encontram no banco específico com o qual se relacionam. Vamos verificar ano mercado qual é a menor taxa ou o menor tempo de liberação, conforme a necessidade de cada um, para capital de giro, financiamento imobiliário, refinanciamento de imóveis ou operações de câmbio em banco – diz João Custódio, diretor-executivo da Fortus Group.


Segundo o empresário, o principal objetivo é identificar a melhor solução. O serviço é da Fortus Capital será para empresas, mas Custódio diz que também poderá pessoas físicas quando houver relacionamento corporativo. O custo, explica, não será dos clientes, mas das instituições, que vão remunerar a Fortus com parte de seu ganho na operação.


Esses bancos vão usar nossa estrutura. O custo seria mais alto se tivessem estrutura física, então podem usar parte para nos remunerar. No ano passado, foram fechadas mais de 600 agências bancárias e, neste ano, devem ser fechadas ainda mais.

A Fortus Group tem sede física em Porto Alegre, na Avenida Carlos Gomes, mas está operando só parcialmente com atividade presencial. Segundo Custódio, há um plano para se tornar um banco, no conceito “como serviço”, a exemplo do Topázio. Para isso, no entanto, vai aguardar o comportamento do mercado a partir da estreia do Pix. O custo do BC no Pix deve ser de R$ 0,01 a cada 10 operações que vão substituir as atuais formas de transferência, como TED e DOC. Isso proporcionará grande redução de despesas corporativas. Custódio estima que uma pequena empresa hoje tenha custo de cerca de R$ 1 mil ao mês só com essas transações:


Vamos esperar o primeiro mês de operações para ver como o Pix vai viabilizar a ideia de ter o nosso banco. Vai mexer muito com o mercado bancário, porque tira uma receita grande dos bancos. Com o open banking, são dois movimentos que vão sacudir o mercado bancário.


O que é open banking


Parte do princípio que os dados bancários pertencem aos clientes e não às instituições. Por isso, o Banco Central vai exigir que as instituições financeiras cedam os dados sem qualquer custo quando o cliente solicitar e autorizar. O objetivo do Banco Central é permitir que as pessoas movimentem suas contas em diferentes plataformas, e não só pelo aplicativo ou site do banco. A aplicação será possível por meio de uma tecnologia chamada interface de programação de aplicativos, conhecida pela sigla em inglês API. É um conjunto de padrões de programações que permite interação entre sistemas diferentes, inclusive não financeiros. A previsão de entrada em vigor no Brasil é 30 de novembro.

Materia original publicada pela Gaucha ZH